Por que Revenant é a melhor coisa que aconteceu a Apex Legends desde seu lançamento

O assassino foi uma necessária faísca de empolgação no battle royale.

Captura de tela via PlayApex

Apex Legends apresentou Revenant com sangue. Ele assassinou Jimmie “Forge” McCormick em uma animação chocante e seu trailer revelou a violência do assassino de aluguel que passou a agir por conta própria.

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Os criadores o transformaram em um simulacro, um robô com mente humana, e o manipularam para que pensasse que era humano. A resposta foi crueldade indômita. Sua história de origem foi construída com atenção aos mínimos detalhes e revelada aos poucos nas semanas que antecederam a temporada mais recente.

Revenant se apresenta como alguém que vai “mudar o jogo” no trailer de jogabilidade da temporada 4, e não está mentindo. Ele anuncia o início de um novo rumo, mais voltado à narrativa, para a Respawn.

A criação da expectativa para Revenant foi um dos momentos mais empolgantes do battle royale, provando o talento narrativo da Respawn. Ao escolher explorar mais detalhes desses elementos, o estúdio entrou em outra dimensão, e é uma mudança mais que bem-vinda.

Explorar o universo sempre foi uma parte implícita de Apex Legends. Cada lenda tem uma história de origem e um motivo para entrar nos Jogos Apex, e há muito a contar por trás do Sindicato, que organiza a competição. Mas Apex começou, principalmente, como um battle royale de classes, não uma experiência narrativa. Revenant provou que é possível combinar as duas coisas.

Quando Apex foi lançado, a Respawn prometeu quatro temporadas no primeiro ano, cada uma com uma nova lenda, uma nova arma e um passe de batalha. Foi transparente desde o começo, e os jogadores da “temporada zero” ficaram esperando ansiosamente pelo lançamento do primeiro novo competidor. Ele apareceu no mês seguinte.

Octane apareceu nos servidores em março. Atrevido e carismático, ele foi o destaque da nova temporada, um personagem com espaço de sobra para ser criativo com seus suportes de salto e perseguições em alta velocidade. A história era simples: o herdeiro de uma empresa farmacêutica ficou viciado em adrenalina por puro tédio, mas perdeu suas duas pernas em uma manobra que deu errado. Depois de ter as pernas substituídas por versões metálicas, ele escolheu participar dos Jogos Apex. É uma história simples e direta, mas funciona.

Depois de Octane, porém, as outras temporadas pareceram deixar a desejar. Wattson e Crypto, lançados nas temporadas dois e três, respectivamente, pareceram ter sido lançados porque tinham que ser, não porque fazia sentido. As histórias de origem foram interessantes e as mecânicas diferentes, mas ainda deixaram a desejar, talvez porque fossem bem menos chamativos que seu antecessor.

Some isso a uma terceira temporada prolongada, uma série de atualizações de balanceamento para Peacekeeper e a introdução de formação de partidas com base em habilidade. A série de pequenas insatisfações fez com que alguns jogadores começassem a perder interesse e abandonar o jogo. Momentos como o Batida Festiva e a Grande Soirée foram a salvação do eterno purgatório que foi a terceira temporada.

A magia estava acabando e Revenant a trouxe de volta.

Morte e vingança nas Terras Ermas

O lançamento de Revenant foi um truque complexo e bem-planejado. A apresentação de Forge na stream da quarta temporada desviou as expectativas dos dãs. Alguns fãs ficaram chateados que não era Revenant, mas, mesmo assim, Forge é o tipo de personagem que se passa a gostar. Diferentemente de Wattson e Crypto, havia expectativas em relação a ele. E aí a Respawn o matou.

O próprio assassinato de Forge foi chocante, e os jogadores ficaram quase tão assustados quanto a apresentadora fictícia Lisa Stone. Os escritores tinham, basicamente, acabado de jogar fora todo um personagem em um piscar de olhos, e finalmente havia suspense em Apex, pela primeira vez em algumas temporadas.

Cada pista mobilizava mais os jogadores. Forge estava mesmo morto? Qual seria o próximo passo de Revenant? A morte, o mistério e as teorias loucas eram quase coisa de Game of Thrones, mas com a possibilidade de um final bem melhor e mais sangrento.

Revenant não foi construído em um dia, mas o desenvolvimento foi mostrado religiosamente nas redes sociais de Apex. Uma infiltração na Hammond aqui, um vazamento de dados misterioso ali, três funcionários misteriosamente não aparecendo no trabalho um dia… tudo formava o suspense em torno do assassino robótico. Sabíamos quem estava por trás dos eventos, mas ainda estávamos tentando entender por que e como. Por que a Hammond? Por que a Hammond estaria em Talos, pra começo de conversa? Como ele entraria nos Jogos Apex? Só tínhamos especulações, e é bem divertido deixar a imaginação rolar.

Revenant mudou a forma com que Apex lidava com a narrativa. Sim, existia um elemento narrativo no jogo, mas ele era mais sutil e ficava em segundo plano. A construção da temporada 4 foi uma decisão consciente de enfatizar mais a criação da história, e deu certo.

Chin Xiang Chong, designer sênior, explicou como Apex chegou ao ponto em que está.

“Como? Contratamos um monte de bons escritores [Tom Casiello, Ashley Reed e Manny Hagopian] e nos concentramos em dar prioridade à narrativa”, comentou no Twitter.

Dar destaque à narrativa foi o que fez de Revenant o que é. Seria quase impossível que ele existisse se não fossem os simulacros ou a antiga Hammond Robotics, de Titanfall. Ele era, possivelmente, o personagem que exigia mais contexto para entender: as palavras “robô assassino imortal”, apesar de serem uma boa descrição, não chegam a capturar sua essência nem englobar seu passado.

A construção de Revenant deu à Respawn a confiança e oportunidade de explorar o universo do jogo, e esperamos que não volte atrás. Os roteiristas construíram uma narrativa atraente para uma das lendas mais cativantes do jogo, e o trailer que nos apresentou oficialmente a ele é uma obra de arte. Mas o centro de Apex Legends sempre foram as lendas.

Bloodhound não é só um caçador, Lifeline não é só uma clériga futurista em um grupo de Dungeons & Dragons e Mirage não é só o alívio cômico. Eles têm, obviamente, seus arquétipos, mas Apex traz personagens muito mais complexos que os outros battle royales. É parte do que faz com que ele seja especial, e Revenant é a personificação dessa premissa.

Na véspera de seu primeiro aniversário, Apex Legends está prestes a se superar. O jogo chegou longe desde seu lançamento, e a saga de Revenant prova que a Respawn pode se arriscar mais e explorar a narrativa com mais profundidade e veemência. Já fizeram isso antes com a franquia Titanfall, e podem fazer novamente com Apex.

Artigo publicado originalmente em inglês por Pedro Peres no Dot Esports no dia 03 de fevereiro.

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Jéssica Gubert
Jéssica is a writer, editor, and translator working at GAMURS since 2019, but with a lifelong experience in word games and TV shows. She can also be found at concerts or babbling about board games anywhere.