Rotação de Heróis de Overwatch está um desastre

A rotação semanal de heróis em Overwatch contribuiu para o aumento da exaustão e aposentadoria de jogadores.

Imagem via Blizzard Entertainment

Ao longo da última semana, muito se discutiu na comunidade de Overwatch se a Rotação de Heróis era um empecilho para a Liga Overwatch (OWL) e seus jogadores.

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A discussão começou quando Chris “Dream” Myrick, técnico da Houston Outlaws, publicou uma sequência de tweets onde condenava a Rotação de Heróis, a “pior coisa que já aconteceu a Overwatch“, segundo ele.

Apesar de a Rotação de Heróis ter cumprido seu objetivo de tornar o meta da temporada da OWL mais diverso, também aumentou a dificuldade de coordenar e jogar Overwatch profissional. Está cada vez mais evidente que a rotação de heróis tem efeito devastador sobre os jogadores e times da OWL, que afetam a própria sustentabilidade da Liga.

Em algum momento, a Blizzard vai precisar determinar se vale a pena sacrificar o bem-estar dos jogadores e times da Liga para aumentar um pouco a diversidade do meta.

Até agora, Dream parece ter razão em relação à Rotação de Heróis. Estão um desastre para os times de Overwatch.

O preço que se paga pela Rotação de Heróis não vale a pena

A Rotação de Heróis foi introduzida na Liga Overwatch em março. Essencialmente, o sistema alterna heróis que sejam muito usados para manter o meta “saudável”. O sistema funcionou muito bem para aumentar a diversidade de personagens usados, já que essencialmente obriga os times a não terem uma só composição favorita. Apesar de o sistema ter sido incrível para os espectadores que querem mudanças mais rápidas no meta, foi devastador para alguns times da OWL.

Há um motivo para os outros jogos não usarem essa restrição imposta pela própria desenvolvedora ao meta. Já é incrivelmente difícil para muitos times se manterem em dia com as alterações constantes aos heróis, especialmente no caso dos times com menos jogadores ou jogadores menos flexíveis. Para piorar a questão da flexibilidade, Jeff Kaplan, diretor de jogo de Overwatch, anunciou o sistema de rotação semanal de heróis no final do período de trocas entre as temporadas da Liga. Muitos times escolheram contratar especialistas, que acabam não tendo tanta utilidade em um meta que recompensa sua capacidade de adaptação.

Em 12 de maio, Kevin “AVRL” Walker, analista de Overwatchcompartilhou seus problemas com a Rotação de Heróis. AVRL se referiu ao sistema como gladiatório e disse que a Rotação de Heróis prejudica a integridade competitiva de Overwatch, causando estresse desnecessário a jogadores e técnicos e contribuindo para o aumento do número de aposentadorias.

Também há outros efeitos negativos para a Rotação de Heróis. Para os times, é mais difícil melhorar em um mundo onde o meta muda toda semana. A situação atual é quase a oposta do meta de uma composição só, a GOATs. Durante a época do meta GOATs de três tanques e três curas em 2019, os espectadores reclamaram que parecia haver apenas a mesma composição toda semana. Os jogadores, por outro lado, amavam o meta da GOATs, porque podiam aprender e melhorar toda semana. Com a Rotação de Heróis, a audiência tem algo novo toda semana, mas o meta nunca é o mesmo, o que impede que os times melhorem. Isso diminui a motivação e moral de jogadores e técnicos.

Sejamos justos, nem todo time de Overwatch concorda com Dream e AVRL em relação à Rotação de Heróis ser ruim. A L.A. Gladiators lançou um vídeo onde entrevistam o suporte Benjamin “BigGoose” Isohanni, que apoia, de modo geral, a Rotação de Heróis.

BigGoose explicou que a Rotação de Heróis obriga o meta a alternar entre certas composições relativamente previsíveis. Parece que a Rotação de Heróis funciona bem para o estilo da Gladiators. Mas o fato de eles terem a habilidade de se adaptar não resolve os outros problemas, como a exaustão de jogadores, a luta de times menores para melhorar e a instabilidade geral do jogo. O que funciona para a Gladiators pode não funcionar para todo o resto.

É hora de repensar a Rotação de Heróis

A Blizzard precisa repensar esse sistema de banimento. Uma opção seria removê-lo completamente, mas aí o problema do meta estagnado deve ressurgir. Outra opção é que a Blizzard fizesse rotações menos frequentes. Até mesmo tornar as rotações quinzenais ou mensais já ajudaria a aliviar um pouco do estresse e dos problemas que a Rotação de Heróis como é hoje apresenta.

Ao longo do tempo, a Blizzard vem abdicando da integridade competitiva de Overwatch em prol de algo mais interessante de assistir. No começo, a intenção da desenvolvedora era que Overwatch fosse um esport puro, balanceado e criado para os profissionais. Nos últimos anos, porém, a Blizzard passou a dar mais foco às reclamações dos fãs, deixando de lado o cuidado com os jogadores. Quase nenhum esporte tradicional ou esport tem mudanças tão drásticas semanalmente como as causadas pela Rotação de Heróis.

Alguns times toleram ou até curtem um meta tão instável, mas tantos outros estão à beira da exaustão só de tentar acompanhar. Se a Rotação de Heróis continuar como está agora, não seria nenhuma surpresa encontrar vários jogadores e técnicos da OWL na grama mais verde de jogos vizinhos, como VALORANT.

Artigo publicado originalmente em inglês por Aaron Alford no Dot Esports no dia 20 de maio.

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Jéssica Gubert
Jéssica is a writer, editor, and translator working at GAMURS since 2019, but with a lifelong experience in word games and TV shows. She can also be found at concerts or babbling about board games anywhere.